segunda-feira, 8 de março de 2010

A validade dos cheques

À tempos, por causa já nem sei bem de quê, precisei de passar um cheque. Um cheque bancário. Repara, eu tenho conta no BES desde os 18 anos. Já lá vai muito ano, porra. O mundo não pára. Nem o meu relógio biológico. Eu bem tentei. Apanhei umas boas bebedeiras que me fizeram não ter qualquer memória de dois ou três dias da minha vida. Adiante. Mas o facto é que nem esses períodos que não me ficaram gravados na memória fizeram com que o tempo tivesse parado. Por mais que eu julgue que tal tivesse acontecido. Tem piada. Não deixa de ser curioso agora que te escrevo isto.

Onde é que eu ía? Ah! Sim! Nos cheques do BES. Pois bem, desde os 18 anos. Sim. Ora bem. E portanto eu precisei de um cheque já nem me lembro para quê. Pois fui à gaveta onde tenho guardado os cheques juntamente com outras coisas que não fazem sentido nenhum estarem juntas com os cheques mas o facto é que sei sempre onde estão. É aquela gaveta. Tem isqueiros, cartões de visita de restaurantes, a caderneta militar (com a minha foto a sorrir - acho que fui o unico do meu pelotão que ficou a sorrir na foto da caderneta militar), uns quantos isqueiros, umas mortalhas e uns filtros - tabaco de enrolar, tabaco de enrolar. Eu próprio nem sei bem porque é que acumulo estes artigos particulares naquela gaveta, mas o facto é que estão sempre juntos. Ainda um dia hei-de perceber ou não, sei lá. Adiante...

Estou sempre a divagar. Que maçada. havia de arranjar alguém para me ajudar. Assim como Saramago que encontrou a Pilar. O tipo teve sorte. Ou ela é que teve. Ou tiveram os dois. São coisas do universo. Onde é que eu ía? Nos cheques. Que maçada. Ora bem. Então quando fui passar o cheque reparei em algo que não tinha reparado e que me intrigou imenso. O cheque tem validade. O cheque tem validade? Ora esta!? Pensei eu. Mas como é que um cheque tem validade? Não tinham, antigamente. Eu se bem me lembro os cheques não tinham validade. Um cheque era um cheque. A gente guardava-os numa bolsinha de plástico que o banco nos oferecia e pronto. Quando era necessário usáva-mo-los.

Tu queres ver que estes cheques vêm apetrechados com aqueles dispositivos que vemos nos filmes e que ao fim de um ano explodem? Só me faltava mais esta. Ainda me pega fogo à gaveta - à secretária - e à casa. Tu queres ver? Achei que não. Ainda cheirei os cheques. Talvez cheirassem mal. Talvez fosse isso. Passado um ano começavam a cheirar mal. Sei lá. Podia ser. Eles inventam cada coisa. Não me digas que não podia ser isso, queres ver? Mas não. Não cheiram mal. Então têm a validade de um ano porquê? Um cheque bancário tem validade assim como um bilhete da carris, ou um iogurte? Não faz sentido. Ó pá. Não me lixes. Não faz sentido. Não faz. Não!

Vou ao banco dar os cheques a cheirar à menina da caixa e perguntar-lhe se sente algum cheiro estranho nos meus cheques. Se puder tiro-lhe uma foto sem ela saber no exato momento em que estiver a cheirá-los, depois envio-te. Deve ser giro. Achas que eu sou maluco? Ai sim? Mas quem é que coloca validade num cheque? Só um maluco. Ou então espera... Se calhar não é maluco. Isso. Se calhar não é maluco. Se calhar... espera. Não acredito. Se calhar foi uma maneira de me afanar mais uns euros. Se eu não usar os cheques sou obrigado a comprar outros passado um ano. Tou tramado. Estas coisas aborrecem-me. A isto eu chamo roubar. A isto e a muitas outras coisas. Olha, por exemplo, aqueles espertos que puseram o dinheiro no banco à espera de ganhar com aplicações de "retorno absoluto". Retorno absoluto! Pelo amor de Deus, mas havia de ser retorno quê? Eu nem entendo o que é que isso quer dizer. E agora estão tristissimos porque perderam o dinheiro, ou ganhou vida e fugiu. Que estupidez. E agora querem que eu, através do Estado, gerido por aqueles tipos que nós bem sabemos, contribua para lhes devolver o dinheiro. Porra pá tá tudo maluco. Ou não. Sei lá. Que maçada.

Beijinhos e essas coisas,

o normal anormal

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