Olá,
Há dias fui a uma estação dos correios entregar umas encomendas para serem enviadas para pessoas que gostam de coisas boas como por exemplo as Almofadas RICOXETE de Caroços de Cereja :-)
Nada demais. Costumo fazê-lo numa base diária. Ainda bem para mim. Eventualmente tu tens a tua cota parte de responsabilidade pelas minhas idas aos CTT e desde já aqui fica o meu agradecimento, mais uma vez.
Nessa ida específica de que te vou falar, a diferença foi que fui com os meus filhos. Sempre que posso levo-os comigo no meu dia a dia normal. Gosto que eles vivam a minha vida pois presumindo eu que tenho uma vida relativamente normal será positivo para eles que me acompanhem e me conheçam e observem ou sintam como é possivel viver-se bem em sociedade sem se ser rico nem se ter necessidades loucas nem nos deixarmos levar por todos os apelos que nos fazem, ou seja, o pai. Isto dá para outro texto, portanto adiante.
Como te dizia, estava eu na estação dos CTT com os meus filhos. Mais uma vez. À espera. Contei-te que foi numa dessas estações dos CTT que comecei a ler o Caim do Abel, não contei? Ouve, à borla! Eu acho espectacular. Posso ir para uma estação dos CTT e ler um livro à bolra. Quem diria. E nas bombas de gasolina também. Uma pessoa está à espera e pim, lê um livrito. E no supermercado. É bestial. Lá estou eu a divagar, desculpa.
Só mais esta. Não aguento. Tu sabias que os CTT lançaram um serviço de telemovel, ou lá o que é, chamado Fónix? FÓNIX, pá. Tu acreditas nisto? FÓÓÓÓ... NIXXXX. Pelo amor de Deus. Ainda me vêm com o acordo ortográfico.
Estávamos portanto nós os três dentro da estação dos CTT e o meu filho Manuel chama-me. O Manuel tem oito anos.
- Ó pai. Chega aqui.
- Diz.
- Olha lá a capa deste livro.
E eu li em voz alta,
- Histórias para crianças.
Mas o que estava lá escrito era Estórias para crianças. E mesmo ao lado desse livro estava outro que tinha escrito Histórias para crianças. Ou seja na mesma prateleira, um ao lado do outro, estavam dois livros que apresentavam duas hipóteses de se ler a mesma coisa mas com letras diferentes. E o meu filho diz,
- Ó pai. Eu escrevo história com h. A minha professora diz-me que é com h.
Ouve eu sei que é dificil mas tenta acompanhar, que para mim também não é fácil. Já vais perceber.
Peguei no livro em questão, o que tinha escrito "Estória para crianças" e abri-o. Não vais acreditar! Lá dentro tinha escrito logo na primeira página - vê se entendes - "Proibida a publicação no Brasil". Assim. Sem espinhas. A seco. Eu nem percebi o que é que aquilo quereria dizer. Mesmo assim...
- Ó Maria, chega aqui. Já viste isto? Se calhar isto é tão parvo, tão parvo que eles lá no Brasil nem querem ter lá estes livros por causa da maneira como escrevem histórias. O que é que achas?
- Sei lá pai. Eu cá escrevo com h.
- Mas se a tua professora de português ou outra qualquer te disser que não é assim o que é que tu fazes?
- Não sei.
- E tu Manuel?
- Eu escrevo sempre com h. Foi o que a professora me disse.
- Olhe, desculpe. Peço desculpa estar a meter-me na conversa mas posso dizer uma coisa ao seu filho? - as pessoas não aguentam. Aquilo está-lhes na garganta. Têm que dizer alguma coisa. É giro.
E o que a senhora em questão quis dizer não me lembro bem. Ela era gira, com cabelo comprido e com um ar ótimo. Com botas finas, calça de ganga, um blusão de pele. Uma mulher bem tratada, com uma voz muito bem colocada e segura. Nem gorda nem magra. Com as mãos impecavelmente arranjadas. Não me lembro e deve ser por isso - era gira. Mas sei que ela estava a concordar com a minha perplexidade acerca do assunto. Acho que era professora. Disse que queria dizer qualquer coisa ao Manuel mas foi a mim que se dirigiu. Para me dizer algo do género que no fim se resume a "isto está uma confusão que ninguém se entende".
Logo a seguir um tipo que também estava a ouvir a conversa começa também ele a comentar que tinha filhos e que também não sabia o que fazer e que mais isto e que mais aquilo.
Enfim. Foi para ali um sururo. Nem imaginas. Deixámos a Estação dos correios e as pessoas a discutir o assunto.
Quando já estávamos no carro de volta para casa eu o os meus filhos chegámos à conclusão do seguinte.
- Ó Manuel, é melhor escreveres como diz a professora. Se no ano a seguir outra professora te disser para escreveres de outra maneira escreves como ela disser e assim nunca vais ter problemas.
- Mas...
- Mas nada! Lá na escola escreves sempre como elas dizem e tás calado. Se tiveres problemas dizes-me que eu vou lá falar com elas.
- Mas...
- Ai!...
- Está bem.
- Eu dou-lhes o acordo. Acordam mas é logo. Que maçada... Olha! Olha ali! Estão a ver aquele ali do carro cinzento? Vai a falar ao telémovel. Toda a gente fala ao telemóvel quando conduz e eu é que fui apanhado. Que lei tão estúpida! Até já vendem carros com GPS, televisão e tudo. Bolas.
Há dias fui a uma estação dos correios entregar umas encomendas para serem enviadas para pessoas que gostam de coisas boas como por exemplo as Almofadas RICOXETE de Caroços de Cereja :-)
Nada demais. Costumo fazê-lo numa base diária. Ainda bem para mim. Eventualmente tu tens a tua cota parte de responsabilidade pelas minhas idas aos CTT e desde já aqui fica o meu agradecimento, mais uma vez.
Nessa ida específica de que te vou falar, a diferença foi que fui com os meus filhos. Sempre que posso levo-os comigo no meu dia a dia normal. Gosto que eles vivam a minha vida pois presumindo eu que tenho uma vida relativamente normal será positivo para eles que me acompanhem e me conheçam e observem ou sintam como é possivel viver-se bem em sociedade sem se ser rico nem se ter necessidades loucas nem nos deixarmos levar por todos os apelos que nos fazem, ou seja, o pai. Isto dá para outro texto, portanto adiante.
Como te dizia, estava eu na estação dos CTT com os meus filhos. Mais uma vez. À espera. Contei-te que foi numa dessas estações dos CTT que comecei a ler o Caim do Abel, não contei? Ouve, à borla! Eu acho espectacular. Posso ir para uma estação dos CTT e ler um livro à bolra. Quem diria. E nas bombas de gasolina também. Uma pessoa está à espera e pim, lê um livrito. E no supermercado. É bestial. Lá estou eu a divagar, desculpa.
Só mais esta. Não aguento. Tu sabias que os CTT lançaram um serviço de telemovel, ou lá o que é, chamado Fónix? FÓNIX, pá. Tu acreditas nisto? FÓÓÓÓ... NIXXXX. Pelo amor de Deus. Ainda me vêm com o acordo ortográfico.
Estávamos portanto nós os três dentro da estação dos CTT e o meu filho Manuel chama-me. O Manuel tem oito anos.
- Ó pai. Chega aqui.
- Diz.
- Olha lá a capa deste livro.
E eu li em voz alta,
- Histórias para crianças.
Mas o que estava lá escrito era Estórias para crianças. E mesmo ao lado desse livro estava outro que tinha escrito Histórias para crianças. Ou seja na mesma prateleira, um ao lado do outro, estavam dois livros que apresentavam duas hipóteses de se ler a mesma coisa mas com letras diferentes. E o meu filho diz,
- Ó pai. Eu escrevo história com h. A minha professora diz-me que é com h.
Ouve eu sei que é dificil mas tenta acompanhar, que para mim também não é fácil. Já vais perceber.
Peguei no livro em questão, o que tinha escrito "Estória para crianças" e abri-o. Não vais acreditar! Lá dentro tinha escrito logo na primeira página - vê se entendes - "Proibida a publicação no Brasil". Assim. Sem espinhas. A seco. Eu nem percebi o que é que aquilo quereria dizer. Mesmo assim...
- Ó Maria, chega aqui. Já viste isto? Se calhar isto é tão parvo, tão parvo que eles lá no Brasil nem querem ter lá estes livros por causa da maneira como escrevem histórias. O que é que achas?
- Sei lá pai. Eu cá escrevo com h.
- Mas se a tua professora de português ou outra qualquer te disser que não é assim o que é que tu fazes?
- Não sei.
- E tu Manuel?
- Eu escrevo sempre com h. Foi o que a professora me disse.
- Olhe, desculpe. Peço desculpa estar a meter-me na conversa mas posso dizer uma coisa ao seu filho? - as pessoas não aguentam. Aquilo está-lhes na garganta. Têm que dizer alguma coisa. É giro.
E o que a senhora em questão quis dizer não me lembro bem. Ela era gira, com cabelo comprido e com um ar ótimo. Com botas finas, calça de ganga, um blusão de pele. Uma mulher bem tratada, com uma voz muito bem colocada e segura. Nem gorda nem magra. Com as mãos impecavelmente arranjadas. Não me lembro e deve ser por isso - era gira. Mas sei que ela estava a concordar com a minha perplexidade acerca do assunto. Acho que era professora. Disse que queria dizer qualquer coisa ao Manuel mas foi a mim que se dirigiu. Para me dizer algo do género que no fim se resume a "isto está uma confusão que ninguém se entende".
Logo a seguir um tipo que também estava a ouvir a conversa começa também ele a comentar que tinha filhos e que também não sabia o que fazer e que mais isto e que mais aquilo.
Enfim. Foi para ali um sururo. Nem imaginas. Deixámos a Estação dos correios e as pessoas a discutir o assunto.
Quando já estávamos no carro de volta para casa eu o os meus filhos chegámos à conclusão do seguinte.
- Ó Manuel, é melhor escreveres como diz a professora. Se no ano a seguir outra professora te disser para escreveres de outra maneira escreves como ela disser e assim nunca vais ter problemas.
- Mas...
- Mas nada! Lá na escola escreves sempre como elas dizem e tás calado. Se tiveres problemas dizes-me que eu vou lá falar com elas.
- Mas...
- Ai!...
- Está bem.
- Eu dou-lhes o acordo. Acordam mas é logo. Que maçada... Olha! Olha ali! Estão a ver aquele ali do carro cinzento? Vai a falar ao telémovel. Toda a gente fala ao telemóvel quando conduz e eu é que fui apanhado. Que lei tão estúpida! Até já vendem carros com GPS, televisão e tudo. Bolas.
Beijinhos e essas coisas,
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