Fui multado. Bolas!
Desta vez foi forte. Vésperas de Natal. Lisboa. Campo Grande. Vinha com os meus filhos da Casa Ronald Macdonald. E entusiasmado com o que tinha acabado de fazer com os meus filhos liguei à minha mãe.
- Estou mãe?... Sim. Tudo bem... Estão comigo. Digam olá à avó.
- Olá avó.
- Sim estão bem. Sabe de onde venho? Nem imagina. Da Fundação Ronald Macdonald, já ouviu falar? Isso. Sim. Fica ao pé do Hospital Dona Estefânia. Sim esse. Ó mãe aquilo é mesmo engraçado, depois conto-lhe em pormenor. Sim fomos lá os três entregar umas Almofadas às crianças que lá estão hospedadas. Óh!... Já sabe como eu sou. Sim. A senhora chama-se Sandra e é muito simpática. Foi giro. Ela foi-nos mostrar a Casa Ronald Macdonald. Estavam lá uns miudos doentes. Aquilo é pesado mãe. Cancros e essas coisas. Livra. Deus me livre. Sim. Vi um programa na televisão sobre aquela Fundação e resolvi este Natal ir lá oferecer 21 Almofadas. Então e não quer crer que a senhora diz que me passa um recibo que serve para entregar nas finanças? Ó mãe. Eu agora até sou um mecenas, veja lá. Nem estava à espera. Isto de facto há coisas. Eu estava desempregado e agora sou tão mecenas como a PT ou outras entidades enormes que lá estão representadas na parede da entrada. A senhora até me disse que se eu quisesse ela punha lá o logotipo da RICOXETE ao lado das outras. Não acha formidavel? Diga? Olhem lá, querem ir almoçar a casa da avó?
- Sim. Pode ser.
- Ó mãe tenho de desligar que tenho aqui o polícia a fazer-me sinais para encostar.
- Bolas. Bolas. Bolas. Mas que maçada.
- Ó pai e agora?
- E agora? E agora? Eu sei lá. Tenham calma. Isto não é grave.
- Bom dia sr. condutor. Os seus documentos e os documentos da viatura.
- Os meus documentos e... só um bocadinho... estão aqui no porta luvas. E os documentos da viatura. Estão aqui.
- Ó pai e agora? Tu não trazias o cinto.
- Ó pá eu sei. Nem me digam nada. Que maçada.
- Ora bem, o sr. condutor sabe que deveria ter feito a inspecção do veículo até ao dia 11 do mês passado?
- Não!? Tu queres ver que me esqueci.
- Pois é. E não trazia o cinto. E sabe porque é que o mandei parar?
- Sei sim senhor, porque vinha a falar ao telemovel.
- Pois é. Ora bem. Então é assim. Eu não o quero prejudicar e portanto pode escolher entre ser multado por causa do telemovel ou por causa da inspecção. Se for do telemovel são 120 euros e fica registado na sua carta como sendo muito grave. Se for da inspecção são 250 euros mas não fica registado. Eu sugiro-lhe que opte pela da inspecção.
- Pois. Tem razão. É melhor a da inspecção.
- Faça o favor de sair da viatura e de me acompanhar.
- Ó pai e nós?
- Deixem-se estar que eu estou mesmo aqui.
- Ora faz favor de assinar aqui. Paga agora?
- Pago. Está aqui o cartão mágico.
- O código por favor... Já está. Aqui tem o talão.
- Pronto. Olhe... Obrigado e o resto de um bom dia de trabalho, sim?
- Olhe que você deve ser o unico que foi simpático connosco.
- Pois. Eu compreendo.
- Então olhe... Boas Festas.
- Então pai? Tiveste de pagar?
- Claro que tive. Porra! Porra! Porra! 250 euros. Isto só a mim. Mas que azar do caraças. Vocês ponham mas é o cinto. Que maçada. Ó Manel põe lá a porcaria do cinto. Mas que gaita. E ainda fui simpático para os polícias. Eu sou mas é parvo.
- Ó pai tu já sabias. Afinal não és Formador de Condução Defensiva? Já sabias que tens de pôr o cinto e não podes falar ao telemovel.
- Ó Maria pelo amor de Deus. Vamos lá para casa da avó... Tou mãe? Fui multado. Isto não é justo. O auricular? Tenho. Tenho aqui no porta luvas. Diga? Ó mãe pelo amor de Deus. Vá. Tenho de desligar que vou a conduzir. Até já... Ó Manuel. Já puses-te o cinto?... E depois vendem para aí carros com televisão e GPS integrado e que dão 300 à hora. Isto é o Matrix é o que é... Olha! Olha, olha, olha!!! Estão a ver? Aquele ali vai a falar ao telemovel. Estão a ver? E aquela taxista não leva cinto. Isto só neste país. Os taxistas juntaram-se e ganharam contra o uso do cinto. Isto é a loucura dentro da própria loucura. Mas que azar. Isto não é justo. E nas vésperas do Natal. Só a mim.
- Ó pai não fiques triste.
Beijinhos e essas coisas,
o normal anormal
Desta vez foi forte. Vésperas de Natal. Lisboa. Campo Grande. Vinha com os meus filhos da Casa Ronald Macdonald. E entusiasmado com o que tinha acabado de fazer com os meus filhos liguei à minha mãe.
- Estou mãe?... Sim. Tudo bem... Estão comigo. Digam olá à avó.
- Olá avó.
- Sim estão bem. Sabe de onde venho? Nem imagina. Da Fundação Ronald Macdonald, já ouviu falar? Isso. Sim. Fica ao pé do Hospital Dona Estefânia. Sim esse. Ó mãe aquilo é mesmo engraçado, depois conto-lhe em pormenor. Sim fomos lá os três entregar umas Almofadas às crianças que lá estão hospedadas. Óh!... Já sabe como eu sou. Sim. A senhora chama-se Sandra e é muito simpática. Foi giro. Ela foi-nos mostrar a Casa Ronald Macdonald. Estavam lá uns miudos doentes. Aquilo é pesado mãe. Cancros e essas coisas. Livra. Deus me livre. Sim. Vi um programa na televisão sobre aquela Fundação e resolvi este Natal ir lá oferecer 21 Almofadas. Então e não quer crer que a senhora diz que me passa um recibo que serve para entregar nas finanças? Ó mãe. Eu agora até sou um mecenas, veja lá. Nem estava à espera. Isto de facto há coisas. Eu estava desempregado e agora sou tão mecenas como a PT ou outras entidades enormes que lá estão representadas na parede da entrada. A senhora até me disse que se eu quisesse ela punha lá o logotipo da RICOXETE ao lado das outras. Não acha formidavel? Diga? Olhem lá, querem ir almoçar a casa da avó?
- Sim. Pode ser.
- Ó mãe tenho de desligar que tenho aqui o polícia a fazer-me sinais para encostar.
- Bolas. Bolas. Bolas. Mas que maçada.
- Ó pai e agora?
- E agora? E agora? Eu sei lá. Tenham calma. Isto não é grave.
- Bom dia sr. condutor. Os seus documentos e os documentos da viatura.
- Os meus documentos e... só um bocadinho... estão aqui no porta luvas. E os documentos da viatura. Estão aqui.
- Ó pai e agora? Tu não trazias o cinto.
- Ó pá eu sei. Nem me digam nada. Que maçada.
- Ora bem, o sr. condutor sabe que deveria ter feito a inspecção do veículo até ao dia 11 do mês passado?
- Não!? Tu queres ver que me esqueci.
- Pois é. E não trazia o cinto. E sabe porque é que o mandei parar?
- Sei sim senhor, porque vinha a falar ao telemovel.
- Pois é. Ora bem. Então é assim. Eu não o quero prejudicar e portanto pode escolher entre ser multado por causa do telemovel ou por causa da inspecção. Se for do telemovel são 120 euros e fica registado na sua carta como sendo muito grave. Se for da inspecção são 250 euros mas não fica registado. Eu sugiro-lhe que opte pela da inspecção.
- Pois. Tem razão. É melhor a da inspecção.
- Faça o favor de sair da viatura e de me acompanhar.
- Ó pai e nós?
- Deixem-se estar que eu estou mesmo aqui.
- Ora faz favor de assinar aqui. Paga agora?
- Pago. Está aqui o cartão mágico.
- O código por favor... Já está. Aqui tem o talão.
- Pronto. Olhe... Obrigado e o resto de um bom dia de trabalho, sim?
- Olhe que você deve ser o unico que foi simpático connosco.
- Pois. Eu compreendo.
- Então olhe... Boas Festas.
- Então pai? Tiveste de pagar?
- Claro que tive. Porra! Porra! Porra! 250 euros. Isto só a mim. Mas que azar do caraças. Vocês ponham mas é o cinto. Que maçada. Ó Manel põe lá a porcaria do cinto. Mas que gaita. E ainda fui simpático para os polícias. Eu sou mas é parvo.
- Ó pai tu já sabias. Afinal não és Formador de Condução Defensiva? Já sabias que tens de pôr o cinto e não podes falar ao telemovel.
- Ó Maria pelo amor de Deus. Vamos lá para casa da avó... Tou mãe? Fui multado. Isto não é justo. O auricular? Tenho. Tenho aqui no porta luvas. Diga? Ó mãe pelo amor de Deus. Vá. Tenho de desligar que vou a conduzir. Até já... Ó Manuel. Já puses-te o cinto?... E depois vendem para aí carros com televisão e GPS integrado e que dão 300 à hora. Isto é o Matrix é o que é... Olha! Olha, olha, olha!!! Estão a ver? Aquele ali vai a falar ao telemovel. Estão a ver? E aquela taxista não leva cinto. Isto só neste país. Os taxistas juntaram-se e ganharam contra o uso do cinto. Isto é a loucura dentro da própria loucura. Mas que azar. Isto não é justo. E nas vésperas do Natal. Só a mim.
- Ó pai não fiques triste.
Beijinhos e essas coisas,
o normal anormal
Eu, para mim, se não te importas, prefiro café. Adormecer, ou passar pelas brasas não é hábito meu. Acho bem que dormitem no teu sofá... e sonhem, e sonhem.
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