quinta-feira, 11 de julho de 2013

O estado da nação


Há tempos o Exmo Sr. Presidente da Republica de Portugal decretou que seria necessário um governo de salvação. Independentemente do significado que os entendidos em assuntos complexos possam achar que signifique, em bom português e esquecendo o acordo ortográfico, seja lá o que isso represente, para o cidadão comum, ou como disse um jurista recentemente, repetindo o que se diz à boca cheia desde que Cristo nasceu à terra e até antes, tem de se dar o poder de escolha ao povo. Ora nesse contexto que sendo muitíssimo complexo se baseia em algo extraordinariamente simples um governo de salvação nacional é isso mesmo um governo de salvação nacional. Supostamente porque é necessário dadas as circunstâncias, salvar o país de alguma coisa. Normalmente quando se ouve alguém dizer que é preciso salvar alguma coisa desperta-nos o instinto básico de sobrevivência. Ou porque nos identificamos com o risco inerente à situação que precisa de uma atitude tal que resulte no oposto que que existia, ou porque não conhecendo o motivo da necessidade da salvação partimos do princípio que se alguém o diz é verdade e por isso ficamos igualmente atentos e até despertos.

Não sendo uma situação normal nem vulgar em qualquer país do mundo, torna-se evidente que havendo uma situação que justifique a necessidade de alterar o que quer que seja é melhor do que o que havia antes. Neste preciso momento estão em lista de espera outros países para entrarem no grupo dos países que compõem a Comunidade Europeia, Portugal chegou ao ponto de para arrumar a casa o que existe não serve, então o Exmo Sr Presidente da República achou por bem dizer aos concidadãos que os que estão a governar não estão a dar conta do recado e por isso temos de arranjar outra solução que curiosamente e pasme-se passa por falar com os mesmos que obrigam a um governo de salvação nacional e pedir-lhes, exigir-lhes até que se entendam e salvem o país de qualquer coisa que não se percebe bem pois se de uma calamidade natural se tratasse ainda se compreende, mas salvarem-se deles próprios através de eles próprios é como pedir a um moribundo que não beba água com ela à frente da boca.


Utilizando uma expressão muito em voga a política é muitíssimo tóxica. Há pessoas que estudam história, pessoas que estudam política, pessoas que estudam filosofia e ciências do foro humano. Curiosamente somos governados por pessoas que no caso do Exmo Sr. Presidente da Republica dão muita importância à rentrée de Portugal nos mercados financeiros, o que se justifica sendo ele também e por acumulação de funções, diz-se por aí, professor de economia (de muitos dos boys que por aí andam a fazer política). Esta pessoa que assume o comando do país com as próprias mãos fá-lo por razões que não se entendem e no entanto desde que ele disse o que disse, a Sra. Odete, levantou-se da cama cedo e foi às compras para os netos que estão de férias com ela. Preocupada com o almoço e o jantar do dia seguinte ela escuta o que diz o Exmo Sr. Presidente da mesmíssima maneira que vê com atenção uma das inúmeras novelas que passam na televisão. Eventualmente, para ela é muito mais interessante ver os artistas de novelas chorarem que nem umas Madalenas (às vezes nem as Madalenas conseguem chorar tanto) do que o Paulo Portas dizer que sim e que não e que sim e que não e que sim e que não e que sim e que não. Ou o Seguro dizer que os outros todos é que são umas bestas. Ou o Sócrates dizer que não teve culpa nenhuma. Ou o Barroso dizer que os partidos em Portugal têm de se entender para bem do país. Ou o Mexia que ganha 1200 vezes o ordenado mínimo e vendeu a REN e a EDP aos chineses. E ainda outros, que nada tendo a ver com Portugal não se privam de andar para aí a mandar bitaites.

Para aglutinar tudo, ou como papel de embrulho estão os órgãos de informação, que têm tido uma enorme dificuldade em prever o que quer que seja dando-lhes a oportunidade de estarem continuamente a dar informações de coisas que não servem para nada a não ser demonstrar que é preciso um governo de salvação nacional como diz o Exmo. Curiosamente pretende-se organizar um ataque às chamas com os mesmos que atearam o fogo. O Saramago é que a sabia toda quando escreveu o “Ensaio sobre a lucidez”. Enfim… era tão simples. Mas é giro. Ao contrário da Sra. Odete que gosta de ver homens a chorar a baba e ranho eu prefiro vê-los a mentir e a borrarem-se nas cuecas. Assim vou-me rindo. Também é giro. Agora talvez fosse altura de os começar a meter na cadeia. Já lá estão uns quantos.


Beijinhos.