Há tempos, e já foi no segundo ou terceiro milénio, digo isto porque não obstante estarmos no milénio dois o facto é que do um aos mil são mil, dos mil aos dois mil são dois mil, e dos dois mil aos três mil são três. Portanto fico sem saber se estou no segundo ou no terceiro milénio. E se parece ser um assunto menos importante, já o ouvi ser discutido por catedráticos na televisão. Mas isto para dizer, e é importante a diferença de mil anos ou não pois de cada vez que parece que estamos muito evoluídos como raça, seres vivos, sociedade, força do universo ou o que lhe queiram chamar, o facto, como escrevia, é que continuam a haver sinais de uma falta de desenvolvimento social e tecnológico a toda a prova. Exemplos por aí não faltam. Os carros de que nós portugueses tanto gostamos e que vêm cheios de tecnologias e mariquices mas o motor de explosão já é uma invenção arcaica do século passado. E ainda mais impressionante, do milénio passado. Aliás, poucos seres humanos se poderão gabar de dizer a frase “nasci no milénio passado”. Adiante…
A semana passado três acontecimentos marcantes (agora até me sinto o professor/comentador). Em primeiro lugar a jovem que foi presa por ter dado um aviamento de pancada a outra jovem. Um arrufo de rua, filmado por um terceiro com um aparelho de comunicação sem fios, tal como nos países do norte de África, e que acaba por colocar nas malhas do sistema judicial uma jovem, que se tiver sorte talvez saia incólume. Em segundo lugar e escrevo o nome dela pois foi tornado público, outra menos jovem e mais afortunada mulher chamada Francisca Costa Santos, magistrada do ministério publico, é apanhada pelos agentes da autoridade numa rua em Cascais em contra mão, com 3,08 de álcool no sangue, e é ilibada no dia a seguir. E o terceiro acontecimento, não tão óbvio de entender como os primeiros mas que também ajuda a reflectir sobre o estado da nação, como “eles” tanto gostam de afirmar, foi o Futre na entrega dos Globos de Ouro ter pedido a palavra, em directo e a cores, para dizer que os portugueses da classe pobre estão a passar dificuldades e que os da classe média para lá caminham apressadamente. A plateia riu-se e aplaudiu.
A linha que separa os políticos dos jornalistas e dos comentadores de futebol é cada vez mais ténue. O discurso é tão parecido que se estivermos a jantar e ouvirmos a notícias levamos algum tempo a descortinar do que é que estão a falar. Aliás, se eu fosse director de um jornal qualquer, faria essa experiência, trocava os jornalistas de desporto pelos de política e seria curioso entender qual o tratamento jornalístico que uns e outros dariam aos assuntos. Acho que até traria resultados muito positivos. Mas adiante, é por isso que eu nunca serei director de nenhum jornal ou órgão de informação. Eu e as minhas ideias completamente disparatadas nunca conseguiriam vingar.
Hoje, dia 31 de Maio de 2011, Portugal está mais democrático e ao mesmo tempo mais pobre. Mais democrático pois é possível agendar eleições “enquanto o diabo esfrega um olho” e por outro lado o espectro da dita geração rasca alarga-se cada vez mais. É conforme os dias, às vezes concordo com o Vicente Jorge Silva que foi o responsável pelo termo tão em voga, outras vezes julgo que ele está errado. Entretanto temo pelo futuro dos meus filhos, tal como os meus pais temiam pelo meu. Tudo na mesma, portanto. A diferença é de facto os canais de informação serem muitos mais. Ainda bem… ou talvez não.
Beijinhos e essas coisas,
José, isso dos milénios não importa, eu diria que estamos no ano de coisa e tal depois de aquilo que aconteceu no ano de isto e aquilo.
ResponderEliminarO tempo é uma linha, há quem diga que não, que começou lá atrás e acaba lá à frente.
Nós os bichos Humanos, entretanto é que inventamos essa coisa de medir o tempo, mas mesmo isso é relativo, dizia Einstein.
O tempo é relativo, uma hora a olhar para uma parede parece um dia, um dia a olhar para algo bonito parece uma hora.