segunda-feira, 2 de maio de 2011

O obtuso



Há tempos pensei… espera lá! Mas isto parece que estamos todos obtusos, ou será impressão minha? E mais uma vez tive de ir ver o que significa a palavra obtuso que por exemplo, no filme “Os Condenados de Shawshank” quando o prisioneiro, protagonista no filme, chama obtuso ao director o resultado foram dois meses na solitária. Enfim, ninguém gosta que se lhes aponte as virtudes.

Também pensei no livro do Saramago - “Ensaio sobre a cegueira” e não sei porquê mas a minha cabeça às vezes tem destas associações estranhas, pensei no Ferro Rodrigues. Acabo no Ferro Rodrigues mas podia acabar em outro individuo qualquer. Indivíduos duvidosos mas que supostamente não o deveriam ser. Pessoas públicas que me entram pela casa dentro através da televisão e que ficam à mercê dos raciocínios do meu cérebro. Neste caso concreto só me lembro da extraordinária coincidência que foi esse homem, de repente e ao mesmo tempo que rebentava o caso Casa Pia ter tido duas ou três atitudes sem qualquer sentido para alguém que tem responsabilidades de estado. Enfim… Pano para mangas, como se costuma dizer. Irei deixá-lo descansar por agora. Curiosamente ou não, voltou, e ao que parece a memória dele é de facto curta. Mas a minha não. E há imensas perguntas por responder. Talvez seja uma estratégia… quem sabe? Qualquer dia volta o Pedroso. Não me admirava nada.



À entrada de Auschwitz I lia-se (e ainda hoje se lê) as palavras: "Arbeit macht frei" (o trabalho liberta) Os prisioneiros do campo saíam para trabalhar durante o dia nas construções do campo, com música de marcha tocada por uma orquestra. No 1.º de Maio a CGTP apela para que as pessoas não vão trabalhar. O Louça diz que a Sonai e a Jerónimo Martins não querem saber dos trabalhadores nem do dia da comemoração dos trabalhadores. Por causa da chuva, talvez, dizem eles, estavam 2000 pessoas na manifestação do dia do trabalhador. Nesse dia fui às compras e ao centro comercial. Estava tudo aberto e a funcionar. As meninas das caixas dos Continentes estão a ser substituídas por umas pistolinhas que registam o que compramos. Este ano parece que não vai haver a tradicional abébia de passar a ponte 25 de Abril, ou Salazar, sem pagar no mês de Agosto. A Via Verde e as caixas automáticas não precisam de férias.

É uma questão de tempo mas algo está para acontecer ou já está a acontecer neste momento mas ainda não conseguimos fazer uma leitura objectiva. Dá-me ideia que as pessoas ainda não perceberam o poder que têm de facto. A sociedade é um ser vivo e tem vontade própria. A sociedade está a evoluir para algo que me parece… enfim… não me parece nada. Se o Ferro abraça o Pedroso e o Sócrates abraça o Ferro então não sei mas a culpa não é minha que eu estou aqui quieto, mas um mais um são sempre dois. Talvez eu esteja a ficar obtuso. Talvez eu não queira ver. Pois se eu quisesse ver, de certeza que eu faria alguma coisa. Por outro lado se não faço e o meu coração me diz que de certeza que há algo errado é porque sou cobarde ou tenho algum interesse e é melhor é não fazer nada. Não sei…

Às vezes olho para os meus filhos e admiro como são felizes. A Maria devora livros e o Manuel colecciona cromos. Eu… eu sou parvo.

Beijinhos e essas coisas,

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