segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Ser humano


Há tempos recebi na minha caixa de mail a história curiosa sobre o que supostamente andam a fazer aos cães em Fátima. São duas ou três fotos de uma caixa relativamente pequena, em armação de ferro e revestida com uma rede tipo galinheiro. Lá dentro, estão vários cães amontoados uns em cima dos outros, visivelmente por falta de espaço e como é obvio em sofrimento. Talvez seja possivel uma pessoa pegar na caixa com algum esforço.

Quem me enviou o mail comenta-o com indignação e repulsa. Julgo que pelos mails que já recebi anteriormente com as mesmas imagens a verdadeira história (se for) é a de que os cães são supostamente encarcerados assim pois estão à espera, sem que o saibam, de ser abatidos. E tudo se passará não em Fátima mas algures na China.

Limito-me a observar as imagens que relatam o processo de transporte e abate de cães para depois serem esfolados, esquartejados e posteriormente cozinhados para alimentação humana. As pessoas que o fazem têm os olhos em bico o que persupõe serem chineses. Bem sei que pode não ser verdade mas que hei-de fazer? É uma mera tentativa do meu cérebro descurtinar e organizar uma determinada realidade, olhos em bico – chineses.

Não tenho nada contra os chineses. Só se eu fosse completamente idiota é que me iria aborrecer com os chineses. Talvez fosse mais fácil chatear-me com os ciganos por serem menos. Também não tenho nada contra os ciganos. Nem contra os muçulmanos. Nem contra os pretos. Nem contra os gays. Nem contra ninguém. Haverá uma ou outra excepção, mas de uma maneira geral eu vou aguentando todas essas variáveis minoritárias do ser humano, tendo em conta que para os chineses eu serei parte de uma minoria. É tudo relativo.

O meu avô, era eu pequeno, dizia-me que se os chineses resolverem espirrar todos ao mesmo tempo virados para este lado nós caímos ao mar. Ele foi veterinário para além de outras profissões e tinha “coluna vertebral”, termo caído em desuso, infelismente mas compreensivelmente. Aprendi com ele a minha relação com os animais. Tive essa sorte pois nunca o vi desrespeitar os animais na sua condição de animais que são. Hoje, não estando o meu avô presente fisicamente, está-o em consciência, na minha memória e no que ele me ensinou, mostrou e fez sentir. Chama-se educação.

Voltemos aos cães encarcerados à espera de serem abatidos. Concordo com o comentário que vinha com as imagens. De facto aquilo não é maneira de se tratar um ser vivo. Mas então e os frangos? Eu gosto de frangos. A sério. São giros, curiosos. Com aquela crista encarnada no alto da cabecita e como têm um olho para cada lado têm de andar sistemáticamente a mover a cabeça de um lado para o outro para verem em frente. Não são fáceis de educar de facto, mas há quem o faça que eu também já vi na internet.

Talvez ser humano seja isso. Uma estranha condição de colectivo, onde há bocas que comem cães e outras que comem frangos. Depois é uma questão de nos posicionarmos. É uma questão cultural e de sobrevivência... ou de gosto culinário. Sei lá.

Pessoalmente não quero acreditar mas talvez já tenha comido gato por lebre em algum restaurante chinês... ou cão.

Beijinhos e essas coisas,

1 comentário:

  1. Hora do lanche.
    Zé sabes porque metem os cães muito apertados nas jaulas? para ficarem mais quentinhos, é daì que vem a expressão cachorro quente. As salsichas também vêm muito apertadas na lata pela mesma razão e finalidade, para fazer cachorros quentes!
    Cachorros quentes só pode!
    Fogo! Metes um tipo a pensar e dá nisto.

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