quarta-feira, 10 de novembro de 2010

As Ordens


Há tempos tive a felicidade de ver na televisão algo curioso – o apresentador de televisão Manuel Luis Goucha a entrevistar o Bastonário da Ordem dos Advogados António Marinho e Pinto num programa chamado “De Homem para Homem” no canal TVI. Devia ter gravado aquela entrevista. Talvez a consiga ir rever na internet pois ficou-me no coração a sensação de estar a ouvir dois homens livres. Repito, sensação.

Tenho pelos dois uma grande admiração por motivos diferentes, claro. Mas acima de tudo porque se um se mantem fiel à sua vocação de apresentador televisivo o outro é fiel à justiça e ao que ela implica... espera! ...bastonário da Ordem?... O que é isso, Ordem? Farto-me de ouvir falar nas Ordens. Dos advogados, dos engenheiros, dos farmaceuticos, dos médicos, dos psicólogos, dos arquitetos, ordens disto e ordens daquilo, mas o facto é que não sei o que é que quer dizer. Antes de ir pegar no dicionário sinto que Ordem é uma sociedade, uma espécie de organização secreta feita de pessoas que defendem exclusivamente os seus interesses. Isto é o que sente o meu coração. Claro que a cabeça me diz que não. Que as várias Ordens que vou conhecendo são de facto grupos de pessoas que obedecem a determinadas regras. Enfim... a minha cabeça com os seus ouvidos ouve coisas que depois o coração não compreende pois ele sente outras coisas. É estranho mas o que hei-de eu fazer? Adiante.

Peguei no dicionário, como dizia e... credo... se calhar é melhor ir buscar o de bolso, pensei. O Dicionário de Morais que está em casa da minha mãe tem três páginas em letra miudinha sobre o que é a ordem e o seu significado. Levei mais ou menos vinte minutos e ler aquilo com calma. Precisa de muita explicação. É curioso. Acaba por ser um bocadito dubio tantas são as possiveis interpretações. Aqui fica um registo - “Espécie de classe de honra instituida por um soberano ou autoridade suprema para recompensar o mérito pessoal”, mas há mais, muito mais. Fico com a ideia de que as Ordens são um conceito antigo baseada em valores altruistas. Não diz lá mas é um resumo meu. No entanto e a finalizar diz o seguinte e aqui fica também o registo - “Nova Ordem, designação com que os ditadores alemão Hitler e italiano Mussolini aplicavam, aos países invadidos pelos seus exércitos durante a Segunda Guerra Mundial, um regime de opressão e expoliação económica que em nada diferia da ocupação pura e simples sem limites nem códigos”. Vá-se lá entender, se um homem mata alguém é um assassino, se um homem mata milhões é um conquistador.

Para se fazer parte de uma Ordem, seja lá o que isso signifique portanto, é preciso prestar provas de que se pode fazer parte dessa Ordem. É uma espécie de mérito por serviços prestados. Pois a dada altura dessa interessante entrevista o Bastonário da Ordem dos Advogados diz entre outras coisas que na Ordem que ele representa há muitos criminosos... Tal como o Goucha, também eu fiquei ainda mais alerta, só que, como era o Goucha o entrevistador, perguntou ele: -“Então mas isso significa que não podemos confiar na justiça? Significa que não podemos confiar nos advogados que supostamente nos deveriam defender?” Não sei se foram estas as palavras mas foi algo parecido. E o Marinho Pinto ajeitou-se na cadeira e disse que sim. “Sim. Não podemos confiar na nossa justiça”.

Ora bolas! Dito pelo Bastonário da Ordem dos Advogados significa que... espera... não pode ser. Tou tramado! Assim de repente lembrei-me do... como é que ele se chama? Ai, espera... o da Casa Pia... Di não sei quantas. Enfim. São uns quantos.

Beijinhos e essas coisas,

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