quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O pastor paciente


Há tempos e por causa da pretensa crise portuguesa, europeia ou mundial pensei o seguinte e fico abismado com estes pensamentos. Eu nem sei de onde me vêm, mas provavelmente é o resultado do alheamento que por vezes me forço a ter, em relação à sociedade. Uma espécie de retiro, para que possa compreender a sociedade em que coabito de uma maneira mais descomprometida e distante. São pensamentos que até a mim me espantam de tanto sentido que me fazem e de tão simples que são. Neste caso pensei -  se todos os países, ou estados (prefiro) da CE ou UE ou já nem sei como é que lhe hei-de chamar mas Europa era giro, ficarem em crise, e quer queiramos aceitar ou não é um facto, deixa de ser crise para passar a ser normal. Do género “Olha lá! Estás em crise?”, ao que o outro responde “Estou. E sabes que mais? Aquele e aquele e aquele também.” Curioso não é?

Por outro lado os mercados, que não faço a mínima ideia do que isso significa, e as bolsas, que também não faço ideia do que signifique, e a banca, ou os bancos, ou as pessoas que estão à frente desses organismos ou organizações, ou sei lá o que isso seja, parecem uns tolinhos a olhar uns para os outros muito espantados sem saberem bem o que fazer, porque de facto creio que só algumas pessoas no mundo terão o conhecimento e poder suficientes para saber o que se passa. E não é difícil. Basta perguntar a um pastor na Serra da Estrela, por exemplo, ao ser questionado sobre o atual estado das coisas, ele fixa o horizonte recortado pelas montanhas, e sem suspirar sequer responde “Óh!”, e com este simples ó resume numa letra o que é a verdade. Que também é simples e curiosamente não vejo muitas pessoas a falarem disso. O mundo mudou radicalmente e tão rápido que não se consegue mais geri-lo da mesma maneira como tem sido gerido até hoje.


O Duarte Lima por exemplo, é óbvio que entre ser perseguido por um mandato internacional e depois acabar como namorada de três enormes e perigosos homens de ar violentíssimo numa prisão qualquer no Brasil, ele prefere ser preso cá. Compreendo-o tão bem. É uma teoria minha mas eu apostava que ele pensou, pensou, pensou e deve ter voltado a pensar, que uma pessoa na situação dele deve pensar imenso, e preferiu dar-se “à morte” cá para não se dar “à morte” no Brasil. Enfim, calculo que nunca saberemos a verdade ao certo. Já é normal na nossa justiça. Mas a justiça não é o que estamos a ver nos órgãos de informação. Não! A justiça tem pessoas altamente profissionais e competentes mas também tem os Marinho e os Duarte. É assim. Temos mesmo de ter paciência e acima de tudo continuar a pressionar e mais, temos de apoiar as pessoas de bem, para que elas percebam que não precisam de ter receio. Nós (as pessoas normais) estamos do lado da justiça. E os honestos que trabalham nela têm mesmo de sentir que não estão sós. Acho que é mais por aí, mas adiante.

A Alemanha parece que também já pediu ajuda financeira. A França para lá caminha se é que ainda não caminhou já, que isto está a acontecer a uma velocidade tal que, ou me sento à frente e sigo as noticias passo a passo, ou de cada vez que acordo o mundo está diferente, credo. Nunca mais ouvi falar do Carlos Cruz, ou do Dinis. Ao que parece andam por aí. O Mexia continua a gerir a EDP como quer, ou como ele gosta de dizer, de acordo com o que os acionistas gostam - que resposta extraordinária. Hoje está sol e entramos em Dezembro. Algo se passa com o tempo. É estranho. Tenho de me ir adaptando às circunstâncias tal como os meus filhos o fazem tão naturalmente.

O meu filho com dez anos perguntou-me há dias “Ó pai. Para que é que serve o Presidente?” e eu respondi o melhor que me ocorreu “Para nada”. Talvez esteja errado mas tentei ser o mais honesto possível dadas as circunstancias.

Beijinhos,

1 comentário:

  1. Tive em tempos uma colega de trabalho com um génio terrível que me disse pouco tempo antes desta coisa da crise começar: "É a impermanência das coisas".
    Tal como o pastor que já se habituou a ver o pasto das suas ovelhas com sem erva, com erva a nascer, erva verde, erva a secar, erva seca, e novamente sem erva, também nós deveríamos pensar que as coisas simplesmente mudam.
    Mas às vezes dói tanto! Mas será que dói mais do que ficar sempre na mesma posição a entorpecer.
    O Sr. Pastor o que acha?
    - Oh!

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