quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Eu penso, logo tenho de ter cuidado


Há tempos, ocorreu-me escrever três letrinhas no motor de busca da Google. Fiquei pasmado. A EDP apoia várias fundações, instituições, clubes, eventos, cultura, desporto… até me deu para procurar um clube do berlinde da EDP. A sério! Sabias que só o clube EDP tem 20.000 sócios? Não fazia a mínima ideia. Depois, e eu tenho esta terrível mania que me desgasta e consome, pus-me a pensar. Eu devia deixar de pensar. Não é compatível com o momento actual. O melhor de facto é não pensarmos pela própria cabeça e deixarmo-nos levar pela onda. Garanto-vos que quando se começa a pensar sente-se uma espécie de confusão mental, pois tudo o que nos foi dito e afirmado não bate certo com o que se começa a entender quando se começa de facto a pensar. Aliás, depois de se pensar, se começamos a falar somos relativamente ostracizados na medida em que existe um receio profundo de que quando se dizem coisas que se pensam sem qualquer receio, até os amigos nos avisam para ter cuidado. É curioso…


Fico muito irritado sabes? Com a injustiça. E tenho esta mania de observar as injustiças de uma maneira muito abrangente. A electricidade por exemplo. Não deveria servir os interesses de uns mas de todos. É que se não houver electricidade morres mais depressa do que se não houver água, por exemplo. Sabias? E a electricidade deveria ser gerida de modo a optimizar o desempenho de um país, em vez de ser um meio para obter lucros ilícitos a coberto de engenharias financeiras e legais que permitem que pessoas como o Mexia e os accionistas que o apoiam, obtenham lucros disparatados. Se é um bom gestor deve receber um bom salário e pronto. Algo razoável. Se um jogador de futebol ganha muito, ninguém tem nada a ver com isso. Mas a pessoa que gere a electricidade não. Independentemente de ter ou não ter uma participação do estado. Isso não interessa. Isso é só para distrair. O importante é que se a electricidade falha na Maternidade Alfredo da Costa por exemplo, é perigoso logo no imediato e, como te referi há pouco, a água falhar é menos perigoso, compreendes? Isso é maldade e injustiça pois está a coberto de outras pessoas que estão colocadas em outros organismos que detêm poder para isso. E fomos nós que nos deixámos enganar, creio. Quero acreditar que fomos e estamos a ser muito bem enganados, o que é muito triste pois ao fim e ao cabo, quem nos está a enganar, são portugueses, europeus ou seres humanos como tu e eu. Mas são pessoas más. E eu não compreendo tanta maldade em alguém como o Mexia por exemplo. É impossível que ele não saiba e compreenda que o que está a fazer é horrível. Está a enganar sistematicamente as pessoas. É feio. Mas se há mais exemplos? Oh! Tantos. Mas sem electricidade não há Facebook, topas?

Talvez já me tenhas visto vociferar contra o Carlos Cruz, por exemplo. Ainda hoje fico na dúvida se ele foi ou não molestador de crianças. É triste não termos na nossa democracia ferramentas que nos garantam que a justiça funciona. Que nos proteja de uma engenharia financeira altamente sofisticada, com ligações tão obscuras que só com muito empenho, conhecimento e determinação se conseguem detectar. Estamos a viver tempos complexos. Não porque apareceram agora. Mas sim porque os próprios órgãos de informação manipulados por essas forças do mal (chamemos-lhes assim que dá mais ideia de filme de ficção científica) estão a ser confrontadas em todo o mundo por algo para o qual não estavam preparadas – a verdade. O mundo está a mudar… e ninguém imagina para onde. É lindo!

Beijinhos,

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O super taxista


Há tempos, cheguei a Lisboa de avião. Alguns sabem mas outros não, que quando se chega a Lisboa de avião não se aterra a cinquenta quilómetros numa pista de aterragem situada num local tão inóspito que nos faz sentir parte de uma carneirada qualquer em que o livre arbítrio é uma alucinação.

Chegar a Lisboa de avião, não obstante ser o pior meio de transporte conhecido na história da humanidade, é algo que atenua o sofrimento de uma viagem que nos obriga a permanecer sentados durante horas a fio, ingerindo coisas que nem aos cães de dão. Chegar a Lisboa de avião, vindo de outro lugar qualquer do norte da europa por exemplo, significa preparar a aterragem mesmo por cima da cidade. Significa poder ver as casas, as ruas, os carros, as pessoas e eventualmente, e nem é preciso muita sorte, talvez se consiga ver a própria casa. Aterrar em Lisboa é o paraíso das aterragens das capitais europeias. Aterra-se no meio da cidade. Da capital. De uma metrópole que não sendo gigante não deixa de ser o coração de um país.

Se tivermos sorte, e também não é preciso muita, até aterramos com sol e calor e tudo. É bestial. Vai-se ouvindo falar na ideia de construir um aeroporto fora da capital, baseado em factos louváveis e pertinentes, mas por outro lado, o aeroporto de Lisboa é sem dúvida um espetacular cartão de boas vindas a quem quer que chegue de avião. É bem possível que passada meia hora depois de aterrar se consiga estar dentro do táxi a caminho de casa. E isso é impar nos dias que correm. Perder essa capacidade é perder algo que nos define. Nós os portugueses sem que nos apercebamos estamos na vanguarda do que se pretende que seja o futuro – uma interligação perfeita e harmoniosa dos meios de transporte de modo a ser o mais humano e o menos agressivo possível. Talvez, se em vez de querermos sempre crescer exponencialmente, fosse melhor gerir o que já temos e que se for bem gerido até resulta, enfim, há que ter fé.


O táxi - ora aí está outro meio de transporte extraordinário. Felizmente parece que voltaram ao preto e verde que é mesmo português, ao invés daquele bege insípido que só alguém muito doente podia ter proposto uma cor daquelas. Menos mal. Parece que a alma, ou coração, falaram mais alto e aí estão outra vez os táxis que todos conhecemos. Desta vez apanhei um taxista brasileiro e explicou-me o seguinte: para se ter a carteira de taxista é preciso largar perto de mil euros, ter frequentado um determinado curso e uma determinada formação. É necessário dar provas de uma série de competências pessoais e profissionais que fazem do profissional que conduz táxi um Senhor Doutor da estrada.

Não obstante, e sempre admirei esse grupo de profissionais por isso, conseguiram unir-se e obrigar a lei a abrir uma exceção, que de acordo com a exceção em si faz deles uns homens com poderes excepcionais. Os taxistas não precisam de usar cinto de segurança dentro da cidade. Sendo que eles devem ser imunes à morte em caso de colisão frontal por exemplo, mas só dentro da cidade, pois quando me transportou para Caxias, que já é fora do perímetro da cidade, seja lá o que isso signifique, vi-o colocar o cinto. Pensei no Super-homem de facto que perde a força por causa de umas pedrinhas verdes. Neste caso o taxista perde a capacidade de imunidade à morte a partir de um determinado limite. Uma linha imaginária que alguém definiu como sendo o perímetro da cidade. É curioso esta coisa da lei. Vá lá que nos distingue! Senão os taxistas eram obrigados como todas as pessoas normais a usar o cinto de segurança sempre que conduzem um veículo que pode matar no momento em que se liga o motor e destrava. Às vezes nem é preciso tanto, é só destravar.

Isto de facto, eu devo andar parvo.

Beijinhos,

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

1+1=2, ou talvez não


Há tempos, pensei em escrever uma carta à ministra da justiça. Algo me diz que pelo facto de ser mulher talvez esteja mais sensibilizada para a minha questão, não sei, vamos ver. O facto é que na minha vasta experiência profissional nas mais diversas áreas, tive uma da qual agradeço ao António as excelentes condições em que trabalhei com total liberdade e cheia de novas experiencias. Refiro-me à Condução Defensiva (conceito ainda muito descurado, e que como a educação sexual deveria ser assunto corrente, corriqueiro e obrigatório nas escolas de todo o país) que me deu uma certeza absoluta – as pessoas são todas potenciais criminosas quando sentadas ao volante de um veículo motorizado.

A juíza que foi apanhada em contra mão com vestígios de sangue na corrente alcoólica para os lados de Cascais e que nem uma multa levou irritou-me sobejamente. Incomoda. Sendo o caso mediático, pois soube-o através dos órgãos de comunicação social. Não há qualquer justificação para que a pessoa em questão não fosse devidamente punida como o são milhares de outras pelo país fora. E são estes exemplos que vão ocorrendo diariamente que me fazem pensar que um mais um não são necessariamente dois. O que andam a ensinar aos meus filhos na escola não serve para absolutamente nada que não seja formatá-los de modo a que fiquem embrutecidos e não reajam às injustiças que se vão verificando.


Dirijo-me portanto à sra ministra para a informar do seguinte – da próxima vez que um agente da autoridade, munido das ferramentas que o permitem atuar em conformidade, me mandar parar a viatura porque vou a falar ao telemóvel, ou porque não levo o cinto de segurança, irei acusá-lo de prepotência, de abuso da autoridade, e não pagarei qualquer coima, “usufruindo” das consequências devidas, que diga-se de passagem são sempre dúbias e de acordo com a cabeça que regista o auto. É impressionante que se comercializem viaturas que conseguem mover-se a 300 km/hora, com gps incorporado, com rádio, televisão, vidros fumados e cheia de tecnologias tais que as pessoas que as conduzem nem fazem a mínima ideia para que é que servem, quando o limite máximo é 120 km/hora. Quero ser tratado como outro português qualquer. Ou outro português da lista de portugueses que têm uma lei excepcional que lhes permite fazer coisas que não se podem fazer.

É portanto nesta altura que, no perfeito estado das minhas funções físicas e mentais, reitero a minha decisão. Acima de tudo por causa dos meus filhos, a quem tento transmitir valores humanos e coerentes. Não admitirei ser incomodado por uma justiça que de cega nada tem e que serve interesses tão dúbios e maléficos. A sra ministra não me conhece, mas eu conheço-a a si. A sra não faz a mínima ideia de quem eu sou mas eu sei muito bem quem a sra é. E dirijo-me a si diretamente pois como ser humano você pode ser excepcional, mas como ministra da justiça, ou se despacha ou não tarda muito é mais uma que está para aí a respirar oxigénio sem pagar. Estarei atento. Diga-me, como pessoa, mulher, mãe, que explicação daria aos meus filhos se eles lhe perguntassem o mesmo que a mim – “Porque é que a juíza não foi presa?” – referindo-se à juíza que ia completamente bêbada em contra mão e nada lhe aconteceu?

Olhe que estou quase para me embebedar e ir passear de carro para Cascais a ver se a mim também me vão tratar da mesma maneira que à sua colega. Aliás! Por que carga de água é que aceitou ser ministra da justiça se, espero eu, sabe que não funciona. É fé? Estou muito irritado. Desculpe lá mas tenho alguma razão, alguma devo ter. No entanto asseguro-lhe o seguinte, se sentir que algo de diferente, leia-se honesto, se está a passar decorrente da sua política, não hesitarei nunca em ficar do seu lado e apoia-la incondicionalmente. Mas olhe que prenderem e levarem para a cadeia, um cidadão e no dia a seguir libertarem-no porque se enganaram. Não sei. Mas é de uma falta de… de… de… Valha-me nossa senhora!

Beijinhos,