Há tempos e à conversa com uma amiga que soube recentemente que está grávida percebi que nunca irei compreender a Mulher. Nem eu nem uma data de homens que escrevem sobre elas, escreveram ou hão-de continuar a escrever. Não que me farte de tentar entender o lado feminino que confesso também ter no meu ser, mas porque por vezes sou confrontado com questões curiosas que me fazem voltar à estaca zero do que eu pensava já saber sobre a Mulher.
Eu idolatro a Mulher. A Mulher para mim é o centro do mundo. Por mais que eu escrevesse, pintasse, cantasse, fizesse o que quer que fosse nunca me fartaría da Mulher. A Mulher tem algo que a faz ser única, como todos os seres vivos que geram vida - a Mulher gera vida. Dê lá por onde der, faça ela o que fizer a criação de vida começa dentro do corpo da Mulher. E isso, para mim que sou curioso, deixa-me de rastos. Nunca irei na minha vida experimentar essa sensação. Carregar no ventre, dentro de mim, outro ser humano. É simplesmente fascinante. Adiante... sou homem.
Mas essa minha amiga, escrevia eu, a dada altura da conversa que estávamos a ter, já não me lembro bem porquê, refere o facto de ter algum receio que pudesse ter posto em risco a boa formação do ser que está a gerar pois sem que o soubesse teve de tomar analgésicos por causa de uma pequena cirurgia no primeiro mês de gravidez. E por causa disso a conversa avançou comigo a dizer-lhe que não fosse parva, que não pensasse nisso e essas coisas faceis de dizer a quem está de fora, claro! Mas a dada altura, fez-me recordar a mãe dos meus filhos que no dia em que a Maria nasceu, quando a vi pela primeira vez deitada ao lado da mãe, assim pequenina, toda enrugada e meia cinzenta, mas igualzinha à mãe (parecia a sua fotocópia reduzida), me pergunta assim do nada: - “Quantos dedos tem nos pés? Já contaste?”
Se estás a ler e és homens talvez nunca te passasse pela cabeça tal questão mas curiosamente e pelo que percebi da conversa que tive com essa amiga, é corriqueira essa duvida e preocupação em algumas mulheres que dão à luz. Mesmo depois de fazerem várias ecografias e saberem que está tudo bem, pelos vistos, e talvez pelo enorme esforço e dor por que passam no acto de parir, fixam-se na quantidade de dedos que aquele novo ser possa ter nos pés. É curioso... Vá-se lá entender. É que podiam perguntar quantos narizes têm, ou se tinha três orelhas, ou três nadegas, mas não! Ao que parece a preocupação mais corrente é saber a quantidade de dedos dos pés.
Eu como homem e pai nunca me ocorreria uma coisa dessas. No meu caso e não serve de exemplo, soube que os meus filhos eram perfeitos antes de nascer. Era impossivel que não o fossem. E digo perfeitos para mim. Talvez não sejam perfeitos para todos. Mas para mim são. Mas soube-o de facto no dia em que lhes peguei ao colo. Lá me ocorreu pensar se tinham cinco dedos ou o que quer que fosse! Que coisa tão parva!
É por essas e por outras que continuarei a tentar entender a Mulher sabendo de antemão que nunca a irei entender. E provavelmente é por isso mesmo que ela me fascina. É um poço de surpresas. O mundo sem a Mulher seria com toda a certeza uma tristeza profunda e infinita... Credo!
Beijinhos e essas coisas,