segunda-feira, 19 de julho de 2010

A mulher vendada


Há uns tempos e mais uma vez pus-me a pensar. Eu por vezes dá-me para isto. Para pensar. Bom! Mas de facto pus-me a pensar e logo na justiça. Já nem me lembro bem porquê. Pensei nela. Ali sentada. Quieta. Vendada. Sem se mexer. Nadinha!

Talvez tenha sido por causa dos variadíssimos casos ligados a pessoas que aparecem na televisão quase todos os dias com ar de quem está muito bem na vida mas ao que parece são uns malandros. Ou por causa do famoso processo Casa Pia. Ou por causa do senhor do FCP, ou do senhor Major que ao que parece não é Major (por acaso não os tenho visto na televisão ultimamente), ou daquele que foi presidente do Benfica mas agora já não é e vive em Inglaterra. Ou do outro que é presidente do concelho de Oeiras e que já não sei se vai ou não vai preso. Ou se foi os ciganos que andaram aos tiros por causa do marido da cigana que afinal é gay (ao que parece e conforme noticiado na TVI – “O primeiro gay cigano”). Ou se foi por causa daquela senhora de Felgueiras que não foi presa porque foi de férias. Ou se... enfim, exemplos é que não faltam.

Curiosamente, acho que pensei na justiça por causa do mundial de futebol (imagine-se) e dos golos que eu vi que foram golos mas que afinal não foram. Sim! Porque a justiça está em todo o lado, ou não. De tal forma que até existem lugares no planeta em que se justiça houver, um homem faz-se explodir e mata uma data de gente e seguramente terá um lugar no céu com não sei quantas virgens. Ainda estou para perceber o valor comercial das virgens em relação às prostitutas – pelos vistos e por razões que não consigo compreender em absoluto, uma virgem terá mais valor comercial do que uma prostituta cheia de mestria nas artes do sexo. Eles lá sabem, adiante.

Existem no Japão umas mulheres que sendo virgens, dizem, aprendem a agradar os homens. Mas é com chás e leques e umas danças e sons estranhos que eles gostam lá na terra deles. Chamam-se gueichas (não sei se é assim que se escreve). Pessoalmente acho curioso. Como nunca bebi um chá servido por uma mulher vestida daquela maneira, não comentarei. Mas há-as para todos os gostos que eu vi no National Geographic.

Ora, de repente e do nada ou não, dou comigo a imaginar a justiça. Não sei porquê fizeram-na mulher. Como a república. É curioso agora que penso nisso. Só que a justiça está vendada, com uma espada numa mão e na outra uma balança. E enquanto a visualizava (pensando se sería virgem ou não) ocorreu-me imaginar que por obra de algum acaso inexplicável essa mulher, e curiosamente está uma estátua dela à porta da Assembleia da República, de repente, assim sem que ninguém estivesse a contar com isso, dáva-lhe uma comichão na cara e poisando a balança no chão, ía esfregar a cara. Ora nesse momento o lenço que lhe tapa a vista descai e ela passa a ver. Eu nem quero imaginar. Credo.

Se calhar até lhe puseram a venda para que ela não visse, pois se ela visse o que se passa, a espada estava toda romba e a balança certamente também serviría como arma de arremesso.

Às vezes penso nestas coisas. Que hei-de eu fazer? É mais forte do que eu.

Beijinhos e essas coisas,

1 comentário:

  1. Muito boa a interpretação do valor comercial das coisas.
    Mas cuidado que pode haver quem não ache justo...
    Que se lixe.
    Estás no teu melhor!

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