Há tempos uma nave espacial desceu sobre a Costa da Caparica. Era uma nave invisível até para os radares mais avançados norte-americanos e portugueses. Ninguém deu por ela nem pelos seres que lá vinham dentro. Foi nos fins de Março. Num dia excepcionalmente quente para a época. A nave espacial era grande o suficiente para conter 6879 extra-terrestres. O termo de comparação tem de ser uma barata pois eles eram do tamanho de uma barata. Portanto não se pode dizer que a nave era enorme o suficiente para lá caberem 6879 pessoas mas sim grande o suficiente para lá caberem 6879 baratas que não sendo baratas eram uns seres não comparáveis a nada que se pareça na terra. Nem sequer respiravam e nem sequer se mexiam. Estavam ali quedos que nem uns pregos numa tábua. A única coisa que se deslocava de um lugar para o outro era a nave espacial que se pudesse ser vista era verde. Adiante.
Portugal tem perto de 800 quilómetros de costa dos quais 21, mais quilometro menos metro, chamam-se Costa da Caparica. Vá-se lá perceber porquê, porque há coisas que não se percebem mesmo e é assim, a nave espacial estaciona mesmo por cima de uma parte da praia que, vá-se lá perceber porquê, mas de certeza que tem que haver uma razão, deram-lhe o nome de 19 (dezanove). Ora não sei se vocês sabem, e se não sabem, estão como os seres alienígenas, é exactamente naquela praia, mas há outras, em que um dos comportamentos mais curiosos dos seres humanos do sexo masculino em particular se verifica. A nave espacial como que por magia, pois não há palavras que descrevam a velocidade com que ela ali apareceu, fica estática sobre a dita praia. Ninguém a conseguia ver mas ela estava lá. E os seres ordenaram às máquinas que filmassem tudo o que vissem e gravassem tudo o que pudessem, pois de retorno à casa deles teriam de prestar contas pelo desvio que fizeram por causa de um planeta com tanta água salgada.
Obedecendo às ordens dos seres e por eles terem receio da água do mar por causa do sal, a nave ficou a modos que a pairar sobre as dunas da tal praia 19 (dezanove). E filmou e gravou. O que para nós humanos são horas, para eles, os seres extra-terrestres, é imenso tempo, e portanto eles ficaram com uma imagem muito perfeita do que por cá se passa no planeta terra. Levaram de volta para os chefes deles, as imagens nítidas e sem comentários do que por cá se passa. Como a nave deles é evoluidíssima, fartaram-se de filmar de vários ângulos e perspectivas, com lentes potentíssimas que nós nem conseguimos imaginar. Uma loucura. Nem o Spielberg ou o Manuel de Oliveira algum dia lhes passará pela cabeça terem à sua disposição tal tipo de material de filmagem. Enfim… é preciso ser de uma galáxia muito distante e com um conhecimento muitíssimo evoluído.
Como o tempo é relativo, os seres extra-terrestres deixaram de o ser no instante em que chegaram ao planeta deles pois não faz sentido eles serem extra-terrestres na terra deles. Foi num piscar de olhos, para nós, claro, porque para eles foi uma eternidade, que retornaram às casas deles e tiveram que mostrar o que filmaram cá na terra. Os chefes deles não brincam e trabalho é trabalho. Acharam estranho o comportamento dos seres humanos. E claro, como não tiveram tempo de filmar mais nada, julgam o todo pela parte.
Aqui para nós que ninguém nos ouve, nem eles que já não voltam cá, ninguém tem nada a ver com o que se passa ali nas dunas, mas que é estranho é. Homens de barba rija ou não, gordos e menos gordos, com mais ou menos músculo, mais ou menos queimados do sol, a aparecer e desaparecer entre as dunas. Enfim… ninguém tem nada a ver com a vida dos outros, mas se forem à tal praia 19 (dezanove) não se admirem. Primeiro anda quase toda a gente nua, depois, vá-se lá entender, há homens que aparecem e desaparecem entre as dunas. É um comportamento curioso que de facto, só filmado. Ou então, como se pode observar da praia, alguns também lá andam a ver. Estive para lá ir ver o que é que eles andam a ver ou a fazer. Não tive coragem ou não me apeteceu.
Beijinhos e essas coisas,
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