Eleitor – Aquele que elege; que tem o direito de concorrer a uma eleição.
Há tempos comecei a pensar, mais uma vez, sobre outro assunto. O que me vale é estar vivo e ter tempo para pensar. Na realidade eu gosto de pensar sobre as coisas. Como diz um grande amigo meu é estar acordado, desperto, lúcido ou, mais profundo e só para alguns, consciente de estar consciente. Ao pensar nas coisas triviais consigo relativisar outras não tanto, como por exemplo, e esta não me sai da cabeça, “activos tóxicos”, uma expressão ultramoderna que no meu entender e depois de nem pensar tanto como isso, significa na linguagem lá da minha rua uma “terminologia fina para branquear o roubo”. Este mercado financeiro é voraz e insaciável. Os computadores deram-lhe o inimaginável – a existência de dinheiro não palpável e com ele justificar ganhos não justificáveis. Adiante...
Poderia escrever este texto para os meus filhos pedindo-lhes desculpa pela sociedade que lhes estou a deixar. Por tudo o que não consigo fazer e que devería estar a fazer como por exemplo atirar pedras aos mercados financeiros, esbofetear a classe política, entrar pelo parlamento dentro e pegar fogo àquilo. O poder de argumentação destas instituições terá chegado ao limite do plausível. Esperemos que não seja necessária um derramamento de sangue para o alterar, mas se houver não me surpreendería nada. A democracia está a servir propósitos obscuros servindo de escudo para os mais variados interesses mesquinhos que nada têm que ver com aqueles para os quais ela foi criada. E um dia a sociedade em que os meus filhos estão a crescer terá de rever os pilares da democracia. Tudo tem um começo, um meio e um fim. Sempre foi assim e sempre há-de ser. É uma questão de tempo.
Estamos no ano da graça de 2011 e vai haver eleições presidenciais em Portugal. Existem cinco candidatos, um deles a querer ser reeleito. Sinto uma profunda vergonha pela baixissima qualidade dos candidatos à presidencia. Não confio em nenhum deles nem confiarei. A minha racionalidade tem sido comprometida ou minada pelos seus discursos altamente elaborados mas o cérebro que existe no meu coração (descoberta científica recente) rejeita-os visceralmente. É como se quisessem fazer-me acreditar que levar com uma tábua na cara com toda a força não dói.
Tenho pensado não em quem votar mas como votar, falei com pessoas entendidas e cheguei à seguinte conclusão: votar é uma falácia, passo a explicar: como eleitor tenho quatro hipóteses - votar num candidato, votar em branco, rasurar o voto ou não ir votar. Falta uma outra hipótese onde eu pudesse expressar não reconhecer qualificação adequada em nenhum dos candidatos para ser meu presidente da república (vulgo funcionário público). Não há justificação razoável para tanta incompetência em tanta gente junta e com cargos de chefia.
Eu já nem sei se o candidato eleitoral é comentador de futebol, é deputado, é presidente de câmara, é crítico de novelas... valha-me Nossa Senhora. Bom, bom, será o FMI trazer em anexo um Presidente da República. Isso é que era. Não porque não haja cá gente muitissimo competente, mas o lodo é tal que já só lá vamos à chapada. Alguns nem isso, coitados, mas levavam na mesma.
Beijinhos e essas coisas,